sexta-feira, junho 30, 2006

A purga

Deixei de olhar
Convicto
Para fora do aquário
Nu.


Já nada me interessa!

Nem fora do limite envidraçado da nudez
Nem dentro da tolerância inacabada de um íntimo dilacerado à deriva na corrente
Nem longe de uma qualquer semente que alguém carregue num pobre semblante absorto
Nem perto da agrura incontornável que gere a humanidade.

Agora?!
Agora,
Deixei de olhar para onde quer que seja.
Agora mesmo,
Agora!

Não me apetece mais exercer esse sentido nato que transporto da infância
Esconjuro esse apetite sentido como se uma mentira sem perdão fosse
Pois o domínio do inteligível destrói em cada segundo
O mundo
E mais... mais... mais.


Vou expelir tudo o que não quero ver
Vou ficar à deriva no infinito

À espera que dai nasça cor que me dê renovada vontade.

Ávida esperança de enfrentar
Um novo olhar

Nu
Para fora do aquário
Convicto.

2 Comments:

Blogger Bruno Monteiro said...

Eu acredito que a cor está sempre lá. Acredito que pode ser muito dificil olhar para ela. Tendemos sempre em olhar para outro lado. Mas acredito que é possivel olhar para ela. Ela ás vezes é tao simples que ninguém lhe presta atencao. Mas o importante é o que nós queremos que seja importante. E descanscar uma laranja pode ser tao importante como ir á lua. Se o conseguirmos descobrir é bom. Eu tento.

12:41 da tarde  
Blogger zharpah said...

Sim, concordo contigo. Eu, a cor, vejo-a... vejo também é que há quem nem saiba que ela existe por nunca ter parado um segundo para olhar em volta! Esse facto, que não passa de um pormenor sem importância na sociedade descartável de hoje, é que me cansa!
De resto está tudo em altas! :)

2:25 da tarde  

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