Espécie perpetuada
Inicialmente criado sob o título “A manha da manhã” este conto não está ainda revisto pelo que está ainda sujeito a alterações várias!
Acordara subitamente! O movimento principiado pela abstracção da estranheza desenhava-lhe um contorno facial capaz de estarrecer a vontade de sorrir. Por mais que olhasse em redor não reconhecia o local onde se encontrava. Se não sabia onde estava muito menos sabia razões para ter acordado num ambiente que desconhecia. O sol da manhã afigurava-se-lhe por entre as árvores e acenava-lhe espontaneamente por entre a folhagem sadia que se pavoneava ao sabor da brisa madrugadora. Ali perto uns pardais chilreavam saltitantes talvez saudando a manhã com que estavam a ser brindados. De fundo conseguia-se prestar atenção ao cantarolar constante de uma ribeira fresca embalada no que deveria ser o leito por ela criado. Prestou atenção à envolvente que escutava mas mentalmente não consegui visualizar onde poderia estar. Parecia todo um ambiente agradável mas causava realmente estranheza o facto de não saber onde estava.Resolveu fazer um reconhecimento ao local e começou a andar lentamente para oeste onde pensava encontrar alguma pista que lhe pudesse dar algumas indicações. Caminhava há quinze minutos por entre a vegetação densa quando se deparou com uma grande clareira onde reparou existirem cabanas de pau, palha e uma pasta que à primeira observação poderia parecer terra ou até estrume. Não havia movimento nem barulho que indicasse ser uma aldeia habitada. Aproximou-se mais para tentar entrar numa das cabanas. Entrou na mais próxima de si ao mesmo tempo que reparava na semelhança entre todas as construções e a disposição geométrica que o conjunto apresentava. Estava já muito absorvido por toda esta nova situação quando ouviu ruídos ao longe, ruídos esses que lhe deram a sensação de passos sobre vegetação seca.
Saiu cauteloso da cabana e esperou por mais algum ruído. Dez minutos passaram e nada ouviu. Andou mais um pouco e entrou noutra cabana mais próxima do centro geométrico do suposto aldeamento. Após alguns segundos lá dentro começou a ouvir vozes a sussurrar e com um movimento brusco saiu da cabana um pouco assustado. Novamente as vozes tinham desaparecido! Estranhava cada vez mais o local. Um misto de excitação e medo começaram a apoderar-se dele. Voltou a entrar noutra cabana e mais uma vez ouviu ruídos. Desta vez parecia o ruído de cavalos em batalha e espadas tilintando umas contra as outras numa busca incessante da morte sanguinária. Ficou atento à escuta e o barulho foi-se tornando tão ensurdecedor que lhe começou a ferir os tímpanos. Tentou aguentar mesmo assim até que algo mais acontecesse. Sentia-se confiante até que começou a ver um clarão tão forte que o impedia de ver mais alguma coisa que fosse. Procurou andar para fora da cabana mas já tinha perdido a direcção da saída. Foi então que começou a vir-lhe um sabor de sangue à boca mas ao tentar tocar-lhe nada sentiu. O coração tinha disparado e batia agora muito forte, pelo menos isso sentia e tinha noção.
Os segundos que passavam pareciam-lhe horas e afligia-o o facto de não dominar a situação. Tentou gritar por ajuda num acto quase irreflectido mas ao querer articular o mecanismo que lhe permitiria comunicar, nada aconteceu. Nada! Nem um gemido, um sussurro, nada... sentia-se como que descalço sobre uma floresta de lâminas afiadas e pontiagudas.Num instante ocorreu-lhe não oferecer resistência ao momento e foi o que fez de seguida. Conforme ficou imóvel sentiu um liquido espesso percorrer-lhe o corpo, desaguando aos seus pés que neste momento lhe pareciam dormentes, pesados e inseguros. O ruído cintilante das espadas continuava agora num tom mais moderado mas quanto menos as ouvia mais se sentia a desfalecer. Caiu por terra ainda consciente e sentiu qualquer coisa a esmagá-lo, algo que o apertava, que o sufocava numa onda de quase alheamento entre o corpo e a alma sendo a dor agora mais presente e insuportável. Conseguiu abrir os olhos por alguns segundos e reparou que eram os paus da cabana que saiam das paredes que formavam e o esmagavam como se de uma prensa tortuosa se tratasse. Quase triturado pensou que nunca mais veria a luz do sol que tanto lhe aprazia sentir na pele quando simultaneamente se sentiu envolvido numa curva descendente do corpo que caía alguns metros. Agora conseguia ter consciência e dominava de novo todos os seus sentidos. Ao olhar o novo local onde se encontrava espantou-se ao descobrir que estava numa sala hermeticamente selada, branca imaculada e bastante iluminada por luzes igualmente brancas.“Teria chegado a derradeira hora?!”, perguntou-se indignado e estupefacto! Duas portas se abriram ao tempo que uma voz feminina e robótica vinda de uns altifalantes colocados na parte superior da sala lhe ordenava para escolher uma das duas e entrar. Levantou-se, caminhou para a sua direita e ao aproximar-se da porta parou como se tivesse pressentido alguma coisa má. Voltou-se para o lado oposto e dirigiu-se para a outra porta. Entrou agora sem hesitar e à sua frente viu crianças desfiguradas que lhe acenavam e ao mesmo tempo gemiam frenéticas. Perante tal situação tentou sair daquele local mas a porta atrás de si fechou-se num ápice deixando-o à mercê da misteriosa circunstância.
Debaixo dos seus pés abriu-se uma espécie de alçapão pelo qual caiu e onde ficou preso e sem luz. Uma luz mínima acendeu-se lenta mas em poucos minutos iluminava toda a área onde agora se encontrava. Duas portas abriram-se num estrondo de onde saiu uma pessoa em cada porta vestidas de igual forma berrante e caricata e dirigiram-se para o centro da sala.
- Sabe o que faz aqui? – perguntou um deles.
O silêncio seguinte evidenciou o terror sentido.
- Não! – respondeu quebrando o silêncio.
- Sabe quem e o que somos? – insistiu.
- Não! Mas gostava muito de saber o que me está a acontecer nestas últimas horas, porque estou aqui e porque não sei quem sou!. – retorquiu como se de repente tivesse perdido o medo e dominasse agora a situação.
Outro estrondo se fez sentir e à sua frente saiu um ecrã gigante. As pessoas voltaram a entrar nas portas de onde tinham saído e um novo estrondo ecoou com o fechar destas. Imagens apareceram no ecrã à sua frente. Pareciam imagens de uma cidade, imagens estas que não parecia desconhecer mas que não identificava. Passados uns segundos viu-se a ele próprio na gravação que lhe era mostrada onde lhe era injectado um líquido com uma seringa por duas pessoas vestidas como as que tinha visto sair à momentos atrás. Viu-se a ele próprio desfalecer e a aparecer no local desconhecido onde tinha começado esta sua estranha aventura. Não se recordava de nada do que tinha visualizado no que lhe fora mostrado! A partir daqui houve um corte na gravação que lhe estava a ser apresentada e começou uma outra gravação onde um narrador contava uma espécie de uma história.
- Nós pertencemos a uma organização de uma espécie que quer permanecer viva e perpetuada. Fazemos todos parte de uma experiência. - Ouvia uma voz calma ao mesmo tempo que via uma filmagem de um campo com flores e uma música angelical de fundo.
- Agora fazes também parte desta experiência e já não poderás voltar atrás. As crianças que viste na sala anterior fazem parte da alimentação que queremos implementar. São crianças desenvolvidas em laboratório e a partir de agora serão toda a tua nova dieta. Tudo o que te recordas faz parte dos testes pelos quais todos os escolhidos como tu terão que passar. A seguir a nós criadores deste feito, tu foste o primeiro escolhido e atrás de ti virão outros que ao passarem os mesmos testes se juntarão a ti. Depois de todas as condições estarem criadas poderemos deixar o planeta e perpetuar a espécie pelo universo pois seremos auto-suficientes em tudo. Alguma pergunta?!
Acordara subitamente! O movimento principiado pela abstracção da estranheza desenhava-lhe um contorno facial capaz de estarrecer a vontade de sorrir. Por mais que olhasse em redor não reconhecia o local onde se encontrava. Se não sabia onde estava muito menos sabia razões para ter acordado num ambiente que desconhecia. O sol da manhã afigurava-se-lhe por entre as árvores e acenava-lhe espontaneamente por entre a folhagem sadia que se pavoneava ao sabor da brisa madrugadora. Ali perto uns pardais chilreavam saltitantes talvez saudando a manhã com que estavam a ser brindados. De fundo conseguia-se prestar atenção ao cantarolar constante de uma ribeira fresca embalada no que deveria ser o leito por ela criado. Prestou atenção à envolvente que escutava mas mentalmente não consegui visualizar onde poderia estar. Parecia todo um ambiente agradável mas causava realmente estranheza o facto de não saber onde estava.Resolveu fazer um reconhecimento ao local e começou a andar lentamente para oeste onde pensava encontrar alguma pista que lhe pudesse dar algumas indicações. Caminhava há quinze minutos por entre a vegetação densa quando se deparou com uma grande clareira onde reparou existirem cabanas de pau, palha e uma pasta que à primeira observação poderia parecer terra ou até estrume. Não havia movimento nem barulho que indicasse ser uma aldeia habitada. Aproximou-se mais para tentar entrar numa das cabanas. Entrou na mais próxima de si ao mesmo tempo que reparava na semelhança entre todas as construções e a disposição geométrica que o conjunto apresentava. Estava já muito absorvido por toda esta nova situação quando ouviu ruídos ao longe, ruídos esses que lhe deram a sensação de passos sobre vegetação seca.
Saiu cauteloso da cabana e esperou por mais algum ruído. Dez minutos passaram e nada ouviu. Andou mais um pouco e entrou noutra cabana mais próxima do centro geométrico do suposto aldeamento. Após alguns segundos lá dentro começou a ouvir vozes a sussurrar e com um movimento brusco saiu da cabana um pouco assustado. Novamente as vozes tinham desaparecido! Estranhava cada vez mais o local. Um misto de excitação e medo começaram a apoderar-se dele. Voltou a entrar noutra cabana e mais uma vez ouviu ruídos. Desta vez parecia o ruído de cavalos em batalha e espadas tilintando umas contra as outras numa busca incessante da morte sanguinária. Ficou atento à escuta e o barulho foi-se tornando tão ensurdecedor que lhe começou a ferir os tímpanos. Tentou aguentar mesmo assim até que algo mais acontecesse. Sentia-se confiante até que começou a ver um clarão tão forte que o impedia de ver mais alguma coisa que fosse. Procurou andar para fora da cabana mas já tinha perdido a direcção da saída. Foi então que começou a vir-lhe um sabor de sangue à boca mas ao tentar tocar-lhe nada sentiu. O coração tinha disparado e batia agora muito forte, pelo menos isso sentia e tinha noção.
Os segundos que passavam pareciam-lhe horas e afligia-o o facto de não dominar a situação. Tentou gritar por ajuda num acto quase irreflectido mas ao querer articular o mecanismo que lhe permitiria comunicar, nada aconteceu. Nada! Nem um gemido, um sussurro, nada... sentia-se como que descalço sobre uma floresta de lâminas afiadas e pontiagudas.Num instante ocorreu-lhe não oferecer resistência ao momento e foi o que fez de seguida. Conforme ficou imóvel sentiu um liquido espesso percorrer-lhe o corpo, desaguando aos seus pés que neste momento lhe pareciam dormentes, pesados e inseguros. O ruído cintilante das espadas continuava agora num tom mais moderado mas quanto menos as ouvia mais se sentia a desfalecer. Caiu por terra ainda consciente e sentiu qualquer coisa a esmagá-lo, algo que o apertava, que o sufocava numa onda de quase alheamento entre o corpo e a alma sendo a dor agora mais presente e insuportável. Conseguiu abrir os olhos por alguns segundos e reparou que eram os paus da cabana que saiam das paredes que formavam e o esmagavam como se de uma prensa tortuosa se tratasse. Quase triturado pensou que nunca mais veria a luz do sol que tanto lhe aprazia sentir na pele quando simultaneamente se sentiu envolvido numa curva descendente do corpo que caía alguns metros. Agora conseguia ter consciência e dominava de novo todos os seus sentidos. Ao olhar o novo local onde se encontrava espantou-se ao descobrir que estava numa sala hermeticamente selada, branca imaculada e bastante iluminada por luzes igualmente brancas.“Teria chegado a derradeira hora?!”, perguntou-se indignado e estupefacto! Duas portas se abriram ao tempo que uma voz feminina e robótica vinda de uns altifalantes colocados na parte superior da sala lhe ordenava para escolher uma das duas e entrar. Levantou-se, caminhou para a sua direita e ao aproximar-se da porta parou como se tivesse pressentido alguma coisa má. Voltou-se para o lado oposto e dirigiu-se para a outra porta. Entrou agora sem hesitar e à sua frente viu crianças desfiguradas que lhe acenavam e ao mesmo tempo gemiam frenéticas. Perante tal situação tentou sair daquele local mas a porta atrás de si fechou-se num ápice deixando-o à mercê da misteriosa circunstância.
Debaixo dos seus pés abriu-se uma espécie de alçapão pelo qual caiu e onde ficou preso e sem luz. Uma luz mínima acendeu-se lenta mas em poucos minutos iluminava toda a área onde agora se encontrava. Duas portas abriram-se num estrondo de onde saiu uma pessoa em cada porta vestidas de igual forma berrante e caricata e dirigiram-se para o centro da sala.
- Sabe o que faz aqui? – perguntou um deles.
O silêncio seguinte evidenciou o terror sentido.
- Não! – respondeu quebrando o silêncio.
- Sabe quem e o que somos? – insistiu.
- Não! Mas gostava muito de saber o que me está a acontecer nestas últimas horas, porque estou aqui e porque não sei quem sou!. – retorquiu como se de repente tivesse perdido o medo e dominasse agora a situação.
Outro estrondo se fez sentir e à sua frente saiu um ecrã gigante. As pessoas voltaram a entrar nas portas de onde tinham saído e um novo estrondo ecoou com o fechar destas. Imagens apareceram no ecrã à sua frente. Pareciam imagens de uma cidade, imagens estas que não parecia desconhecer mas que não identificava. Passados uns segundos viu-se a ele próprio na gravação que lhe era mostrada onde lhe era injectado um líquido com uma seringa por duas pessoas vestidas como as que tinha visto sair à momentos atrás. Viu-se a ele próprio desfalecer e a aparecer no local desconhecido onde tinha começado esta sua estranha aventura. Não se recordava de nada do que tinha visualizado no que lhe fora mostrado! A partir daqui houve um corte na gravação que lhe estava a ser apresentada e começou uma outra gravação onde um narrador contava uma espécie de uma história.
- Nós pertencemos a uma organização de uma espécie que quer permanecer viva e perpetuada. Fazemos todos parte de uma experiência. - Ouvia uma voz calma ao mesmo tempo que via uma filmagem de um campo com flores e uma música angelical de fundo.
- Agora fazes também parte desta experiência e já não poderás voltar atrás. As crianças que viste na sala anterior fazem parte da alimentação que queremos implementar. São crianças desenvolvidas em laboratório e a partir de agora serão toda a tua nova dieta. Tudo o que te recordas faz parte dos testes pelos quais todos os escolhidos como tu terão que passar. A seguir a nós criadores deste feito, tu foste o primeiro escolhido e atrás de ti virão outros que ao passarem os mesmos testes se juntarão a ti. Depois de todas as condições estarem criadas poderemos deixar o planeta e perpetuar a espécie pelo universo pois seremos auto-suficientes em tudo. Alguma pergunta?!
9 Comments:
Será essa espécie que quer permanecer viva e perpetuada comunista?!?!?
Afinal, eles é que comem criancinhas!!!!
Ó anónimo, isso agora não me cabe a mim julgar!! Será que há "julgamento"?! Deixo ao critério da tua imaginação... de qualquer das formas este conto não passa de uma história de ficção. Hum!!
"Big Brother is watching you."
Não sei se andará assim tão longe da realidade.
As sociedades aniquilam, os mais fracos, para a espécie "perfeita" perpetuar. Felizmente ainda não somos canibais, mas mantemo-nos como irracionais animais.
Ás vezes tenho medo, porque percebo que não estamos assim tão longe desse futuro que é a base do nosso passado: aniquilar e expandir. ou será expandir e aniquilar...?
Estou a gostar dos vossos comentários/opiniões! :)
Para quê começar tudo de novo num outro ponto distante do universo se já sebemos qual o resultado final.
Nós, humanos, somos especialistas a dar cabo de todas a oportunidades.
Não me parece que o grupo/sociedade/multidão aprenda com os erros...
Volto a repetir, e não querendo ser abusivo, isto é apenas ficção, especulativa talvez, mas é ficção!
Mas sim, concordo contigo urb4. :)
De qualquer forma o texto é bom e após umas pequenas correcções...
Já vi editados livros de contos com menos qualidade.
Obrigado!
Correcções serão feitas certamente! Assim que o tempo o permita... ;)
Por exemplo, hoje está a chover e não me apetece apanhar água na face! :)
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