sexta-feira, setembro 01, 2006

Fôlego sucedâneo

Desce velha a rua na calçada engomada
qual musgo de cetim aveludado
por onde entre escuras paredes
escorrem tintas sombrias de formas surreais
salpicadas de um mosto que o abstracto pincel do tempo vai tecendo
como se insectos de uma mesma espécie
tivessem traçado elegantes casacos aos antigos transeuntes
que desceram aplicados na alimentada rua
lustrada de um vai e vem constante de passos rigorosos
amplificados pelas paredes de pedra imaculada
assaltada pelas janelas geométricas que a olhavam
vigorosas como se não fosse haver um amanhã.

Desce velha a rua no tapete húmido
reclusa da sua própria existência limitada
por não poder voltar ao lustre que lhe fora inerente
enquanto do alto a lua lhe pisca o possível suspiro do adeus final.

Um dia, toda a ruína será de novo
uma outra forma de ser ou de estar no concreto
uma outra sensibilidade ou entidade no abstracto
que renascerá do suspiro da ordem natural das coisas.

1 Comments:

Blogger blueiela said...

Oi!! Como me pediste vim ate cá ler um pouco de poesia :)...e deixa-me que te diga...gostei do que li. Usas palavras soltas,sem amarras nem limites que bloqueiem os sentidos de quem sente.Gosto disso!!
Convido-te também a passares nos meus blogs...http://devaneiosazuis.blogspot.com/ e http://bluecinderela.blogspot.com/;)

beijos

daniela

11:44 da manhã  

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