quinta-feira, julho 27, 2006

Vaga náusea

Espécie há que a própria vida anestesia
olhando, comentando, até criticando alheias
como se na pele um perfume fosse vaporizado
e disfarçasse a má fragrância que dessa emana.

Vida mascarada por conveniências insolentes,
ausência preferencial, a não existência moral,
raça orgulhosa que se esconde invertendo o norte,
confiada à sorte envolta em hipócritas convenções.

O pensamento no mundo é em movimento, sim,
não deveria contemplar a desigualdade instruida,
no extremo abrupto da força complexa. Fura sátiras!
Ornamentada viagem por falsas, hostis e cruas realidades.

sexta-feira, julho 21, 2006

Poluto e devoluto

Dai-lhe luz para que se ilumine, ó evidência,
pois já nem o brilho de outrora se vislumbra
por entre a névoa espessa que o envolve.

Chega cá apenas o cheiro, nauseabundo,
vem com a noite adormecida e indiferente,
surge com espinhos camuflados, frios e mortais,
esticados como que a invocar absolvição
de tão dependentes que da sua vida própria estão.

No ar paira o perfume que chega mau
repugnante e nocivo, criminoso,
traz um pouco à sorte, a ruína,
que a cada momento mais perto está!
Nada evita o odor intolerável...


Eis por fim que o lírio se esvai
na mordedura infectada da cremação,
envolto numa fogueira sem escombros
e assombrado pelos restos que foram já vida,
cinza vã, trespassada,
agora na forma onerosa da incompreensão.

sexta-feira, julho 14, 2006

in pressão

Olha ali a guerra
vaticínio do senão
conflito de quartel
campanha fora do papel.
Extermínio. Ah! Solução,
na terra da compaixão
varinha sem condão
preservativo da irreflexão
aflição no advir da criação.
E vai-se a metáfora
onde resta a anáfora
monstro que faz sentir
e em nada pode impedir
medo sem trégua
dor sem perdão.

terça-feira, julho 11, 2006

Película aderente

Pobreza instantânea da alma
do ser sem calma nem querer
aparente repugna sensorial
vazia de sentido, sem emoções,
repleta de utópicas ilusões
psique retro mal usada
onde recua a tribo mal formada
porventura até mal acabada,
miopia evidente que pretende ser
o corpo frágil do dono sem merecer.

Canta o morto que vivo jaz
escuta o vivo no fio do abismo
que se de ausente morto está
há milhentos anos o perfaz,
e presente o vivo que morto já
talha na obra prima que se desfaz.

segunda-feira, julho 03, 2006

Zharpah Zhangão está...

... na busca de uma nova identidade.
Sem as habituais substituições ou contradições, através de novas formas e contribuições!

"O percurso da simples pluralidade ao pluralismo. O pluralismo não é simplesmente o reconhecimento da pluralidade como racionalmente inteligível. Ele vai além. É o reconhecimento que o mundo no qual vivemos não é apenas um mundo de conceitos e objectos, mas também de sujeitos que jamais poderão ser reduzidos a meros objectos. Portanto, o pluralismo emerge da descoberta da "pessoa" como um nó de relações."